sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

História do Banespa - primeira parte

Como surgiu o Banespa? Acompanhe a história deste que já foi considerado um dos melhores bancos estatais do Brasil.
Tendo por base algumas leis de foro financeiro promulgadas pelos Presidentes do Estado Jorge Tibiriçá (1904-1908) e Albuquerque Lins (1908-1912), o então Secretário da Fazenda do Estado, Olavo Egídio de Sousa Aranha teve a iniciativa de criar o Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo com o objetivo de investir na Indústria cafeeira, o cerne do desenvolvimento de São Paulo. O banco foi fundado em 14 de junho de 1909 e tinha como acionista majoritária a instituição bancária francesa Joseph Loste & Cie. Os outros acionistas eram o Banco do Comércio e Indústria de São Paulo (COMIND) e o Tesouro do Estado.
No final da primeira década do século XX, São Paulo havia deixado de ser só mais uma cidade da Região Sudeste para ser o principal polo financeiro do País, graças ao Ciclo do Café que estava no seu apogeu. Houve um crescimento populacional além dos limites do chamado Triângulo Histórico do Centro (formado em seus vértices pela Praça da Sé e os Largos São Bento e São Francisco).
A vida moderna fervilhava por todos os cantos da nossa Paulicéia, sobretudo no Centro, através da iluminação e nos bondes inaugurados no crepúsculo do século XIX (1899). O Centro era o “point” boêmio da cidade através de suas leiterias, confeitarias e bares. Havia ocorrências policiais como em qualquer lugar do País, muitas das quais praticadas por antigos escravos que, por não encontrarem trabalho e devido à exclusão social, acabaram enveredando pelo crime. Nessa época, a cidade recebeu inúmeros imigrantes, sobretudo italianos e japoneses, dois povos que ajudaram a construir a nossa  São Paulo moderna.
Os italianos que trabalhavam nas fazendas de café se mudaram para a capital, muitos trabalhando no comércio ou nas fábricas que começaram a surgir. Isso deu origem a bairros paulistanos como o Bixiga e o Brás. O cerne da cena proletária da cidade veio da comunidade italiana.
Os japoneses haviam chegado ao Brasil no Kasato Maru no ano anterior (embora sua imigração tenha começado nos fins do século XIX), também para o trabalho nas lavouras de café. Sua vinda para a capital nos anos seguintes proporcionou o surgimento do bairro da Liberdade. 
Era o segundo ano do governo do oitavo Presidente do Estado de São Paulo Albuquerque Lins (1908-1912), cuja gestão foi marcada por inúmeros feitos como a construção de edifícios e contribuição para a melhoria do sistema escolar, deixando o Governo do Estado em superávit. Era também o antepenúltimo ano da gestão do primeiro prefeito do município, Antônio Prado (1899-1911), que também foi o mais longevo em toda a história. Foi o homem que pôs São Paulo no século XX, tendo inaugurado a Pinacoteca do Estado e a Estação da Luz, entre outras realizações. O Teatro Municipal começou a ser construído em sua gestão. Não havia ainda artistas de renome em nossa cidade.
Vivia-se a chamada Política do Café com Leite, uma aliança entre os fazendeiros das lavouras de café de São Paulo e os produtores de leite de Minas gerais, considerados à época, os detentores do poder, elegendo e apoiando Presidentes da República, de Estado e Prefeitos.
Dez anos depois de sua fundação, durante a gestão de Altino Arantes como Presidente do Estado (1916-1920) e de Washington Luis (1914-1919), futuro Presidente da República, como prefeito da cidade, o banco foi nacionalizado a partir da aquisição da parte que cabia às ações do banco francês pelo Tesouro Estadual com a ajuda do então poderoso Instituto Paulista do Café a partir de recursos financeiros. Juntos, o Estado e o Instituto detinham 98 % do capital social do banco.

Foto antiga do banco extraída de http://conhecasp.blogspot.com/


Nenhum comentário:

Postar um comentário